“GUERRA COMERCIAL” TRUMPISTA PROVOCA MAIS ABALOS NAS BOLSAS DO QUE NO COMÉRCIO INTERNACIONAL: ALGUMAS VERDADES E MENTIRAS SOBRE OS DEVANEIOS DA CASA BRANCA

INTERNACIONAL

Para ter uma compreensão científica da chamada “Guerra Comercial” trumpista, primeiro é preciso avaliar criteriosamente o peso econômico do comércio internacional de mercadorias no contexto geral do capitalismo globalizado e financeirizado. Em primeiro lugar, as importações e exportações dos EUA já não são a força decisiva no comércio mundial. A parcela dos EUA no comércio mundial não é pequena, situando-se atualmente em 10,35%. No entanto, esta percentagem vem decrescendo vertiginosamente, sendo inferior aos mais de 14% registados no início do século vigente. Em contrapartida, a parte da UE no comércio mundial é de 29% (contra 34% em 2000), enquanto os chamados BRICS detêm atualmente uma cota de 17,5%, liderada pela China com quase 12%, contra apenas 1,8% há mais de vinte anos atrás.

Esses dados significam que o comércio mundial não tem mais a hegemonia norte- americana e que outras nações capitalistas poderiam compensar qualquer redução nas exportações para os EUA. No século XXI, foi a China quem assumiu uma essa liderança comercial e industrial, porém seu sistema financeiro é apenas uma “pequena ficção” diante dos grandes centros do rentismo, por isso mesmo o governo do Partido Comunista Chinês deposita todas suas reservas monetárias… nos títulos do Tesouro norte-americano, tornando-se o maior país comprador de dólar do planeta, ficando atrás somente do próprio EUA, que tem o monopólio de imprimir as cédulas na medida de suas conveniências políticas e econômicas.

Enquanto as medidas draconianas de Trump levaram a um tombo de mais de 5 trilhões de dólares em apenas dois dias de pregões nas bolsas de Wall Street, o que inexoravelmente é a expressão de um horizonte sombrio para o comércio internacional, a cotação do dólar atingiu grandes picos nas principais praças de negócios financeiros do mundo, no Brasil a elevação da moeda norte-americana subiu quase 4% somente nesta sexta-feira (04/04). Não tardou muito para o presidente do FED (banco central ianque), Jerome Powel, anunciar que caso seja acionado o gatilho inflacionário nos EUA, por conta do aumento das alíquotas de importação, também será elevada as taxas de juros pagas aos títulos da reserva federal, o que atrairá trilhões de dólares de todo os governos estrangeiros para o caixa do FED. Embora as perdas bursáteis possam ser facilmente recompostas, afinal Wall Street não passa de um cassino financeiro onde se perde muito em uma semana para ganhar o dobro na outra, a “engorda” internacional de dólares para o Tesouro ianque, é um trunfo econômico significativo do governo Republicano para remendar o gigantesco rombo do déficit público norte-americano.

Há um outro ponto totalmente “esquecido” pelo escarcéu da mídia corporativa nesta “guerra comercial”, e que o montante do volume financeiro internacional movimentado não pode ser ignorado, trata-se do comércio mundial de serviços. Não se enquadrando na “tabela de tarifas”, este segmento econômico atingiu a cifra de 33 trilhões de dólares somente no ano de 2024. Enquanto o comércio global de mercadorias cresceu 2% no ano passado, o setor de serviços avançou para o marco de 9% no mesmo período, chegando a representar 20% do valor total das transações de mercadorias no planeta. A globalização financeira introduziu novos elementos para a acumulação do capital, como o comércio de serviços por exemplo, acabando com a possibilidade de ultrapassar as crises econômicas internas (nacionais) somente através das exportações, sendo que hoje os fluxos de capitais são o fator determinante, tanto para Estados como para as corporações transnacionais.

A economia capitalista representa uma só rede mundial, é bom lembrar que já não existem países socialistas como quer fazer crer a esquerda reformista, há muito tempo entrou em uma fase de esgotamento estrutural e de desequilíbrios crescentes (crashs), que vem sendo contornados pela Governança Global de várias formas, como ocorreu recentemente com a pandemia Covid ou anteriormente com a criação da “super bolha” de crédito. A agudização sem precedentes da crise da acumulação do capital representa a contradição frontal entre o desenvolvimento das forças produtivas, de natureza internacional, e a existência dos Estados nacionais, dando a luz ao nascimento da Governança Global do Capital Financeiro, como o último recurso das classes dominantes para tentar salvar o modo de produção vigente. Diante da estrepitosa “guerra comercial”, entre governos burgueses, todos servos dos “senhores” rentistas do Clube de Bilderberg, é necessário deflagrar a Guerra de Classes, ou seja, preparar a Revolução Socialista Mundial para libertar a classe operária e os povos oprimidos do planeta da barbárie agônica do capitalismo!