“AINDA ESTOU AQUI”: GLOBO APOIOU A DITADURA MILITAR E AGORA “JURA AMOR” PELA DEMOCRACIA BURGUESA… SOB OS APLAUSOS DA ESQUERDA DOMESTICADA

NACIONAL

As Organizações Globo festejam em 2025 os 100 anos de existência no Brasil, quando começou a funcionar o jornal da Famiglia Marinho. Segundo o site comemorativo “Em 2025, celebramos 100 anos de Globo e das histórias que nos unem. Nas páginas do jornal, das revistas, nas ondas do rádio, nas telas da TV, do cinema, no streaming e nas plataformas digitais. Um futuro que começou em 29 de julho de 1925, na primeira edição do jornal O Globo, fundado por Irineu Marinho e conduzido por décadas por seu filho mais velho, Roberto Marinho”. Serão promovidos megaeventos e lançados vários produtos comemorativos para enaltecer o papel nefasto não só da “rede” mas do conjunto das “Organizações” dos Marinho em nosso país, que agora se apresenta como defensora da democracia burguesa e é aplaudida pela esquerda domesticada comandada pelo PT e seus satélites que celebram a conquista do Oscar pelo filme “Ainda estou Aqui” produzido pela Globo Play.

A emissora é criatura do golpe militar de 1964. O então diretor do jornal “O Globo” Roberto Marinho foi um dos principais incentivadores da deposição do presidente João Goulart, dando sustentação política, ideológica e logística à ação das FFAA. Um ano depois, foi fundada a sua emissora de televisão, que ganhou graças a ação dos generais gorilas em parceria com investimentos financeiros de corporações da mídia ianque. O império foi construído com incentivos públicos, isenções fiscais e outras mutretas, passadas e recentes. Recentemente em um editorial do pastelão “O Globo”, sua direção anunciou uma “autocrítica” pelo “apoio editorial” ao golpe militar desferido contra o povo brasileiro em 1964.

Com a sedimentação da ditadura militar o jornal “O Globo” transformou-se rapidamente em uma rede nacional de TV, desbancando o império das comunicações nacional, construído por Assis Chateaubriand. Em plena sintonia com o imperialismo ianque, que financiou inicialmente todo o megaprojeto dos Marinho em parceria com o grupo Time Life, a TV Globo converteu-se na principal base de apoio de “massas” do regime militar (o monopólio da cobertura da copa do mundo em 70 foi o ponto determinante da inflexão), sendo muito bem gratificada pelos serviços prestados.

A primeira leitura do tardio “perdão” poderia apontar para uma singela readequação da mafiosa famiglia aos novos tempos de “democracia”. Afinal de contas este regime vigente da “democracia dos ricos” caiu como uma luva aos interesses comerciais do poderoso grupo de comunicações, que manteve praticamente inalterada sua hegemonia no setor. Não se pode esquecer que o apoio (na verdade uma conspiração) a todo processo que culminou na derrubada do governo nacionalista de Goulart, teve como primazia os interesses comerciais do empreendimento dos Marinho.

Se no caso dos milicos a “ideologia” reacionária dos Marinho casava muito bem com seus interesses empresariais, o mesmo se pode dizer dos governos petistas, onde foi beneficiada com generosas verbas estatais (faturadas diretamente por anúncios públicos ou via empréstimos do BNDES).

Somente muito tolos ou inocentes úteis podem acreditar que a participação dos Marinho em 64 se restringiu a um “apoio editorial” aos militares golpistas. Como esquecer nas páginas de O Globo a fotografia de nossos combatentes sendo expostas com a chamada de “Procura-se os perigosos terroristas”! Será que a “amnésia” dos Marinho os fizeram esquecer de seus inúmeros editoriais, ao longo de vinte anos celebrando figuras sinistras como os torturadores Fleury, Costa e Silva e Médici. E quando vociferaram por repressão brutal ao movimento operário, os Marinho por acaso estavam vivendo em um momentâneo “surto” autoritário?

Mas não mais que de repente a rede Globo se declarou contrária a censura e até “protetora” de intelectuais comunistas perseguidos pelos militares, e como justificar a completa legitimidade que deu ao famigerado AI-5? Realmente a “autocrítica” dos Marinho não é capaz de convencer a ninguém minimamente esclarecido sobre a história recente do país, somente a corrompida esquerda burguesa domesticada aplaude de pé essa falsa conversão, como ocorreu no filme “Ainda estou Aqui”.

Nas “descomemorações” dos 100 anos das Organizações aproveitamos para declarar ser impossível existir uma “mídia independente” dos grandes monopólios dos meios de comunicação, sem a ruptura revolucionária com o Estado burguês e a expropriação dos meios de comunicação capitalistas, que manipulam a população segundo seus interesses de classe sob o silêncio cúmplice do governo do PT, gerência que servilmente chega a financiar fartamente os barões da mídia. Nesse sentido é preciso ler a “História secreta da Rede Globo” , um livro magistral e de rigor jornalístico, onde Daniel Herz denunciou em todos os detalhes a criação da Rede Globo durante a ditadura militar brasileira.

A única forma de ter uma mídia comprometida com os interesses dos trabalhadores e do povo pobre é lutando pela liquidação do próprio Estado burguês, pondo abaixo o “quarto poder” que aliena as massas para manter a exploração capitalista e a hegemonia do imperialismo sobre os povos do planeta.