Na última terça-feira, o Tribunal Militar de Ecaterimburgo na Rússia, condenou cinco membros do “Círculo Marxista da cidade de Ufa” a penas de prisão que variam de 16 a 22 anos. As sentenças foram proferidas contra Dmitry Chuvilin, membro do parlamento regional da Basquíria; Alexey Dmitriev, médico; Yuri Efimov, aposentado; Pavel Matisov, veterano de guerra em Donbas; e Rinat Burkeev, também veterano.
O tribunal militar os considerou culpados de pertencerem a uma “organização terrorista” que se preparava para “derrubar o governo russo”. Entre outras acusações, foram acusados de distribuir materiais contendo incitações revolucionárias à tomada violenta do poder. Mesmo antes da leitura da sentença, os próprios réus declararam sua inocência e consideraram todas as acusações contra eles como calúnias.
Todos os membros do Círculo Marxista estavam em prisão preventiva há mais de três anos e meio. A sentença ainda não é definitiva e pode ser apelada para o tribunal de apelações. O grupo político foi preso em março de 2022. Desde 2016, eles se reuniam no Museu Stalin em Ufa, onde estudavam as obras de Marx, Engels, Lenin e Stalin e também praticavam exercícios físicos.
O serviço de segurança russo, FSB, infiltrou um provocador ucraniano, Sergei Sapozhnikov, no Círculo Marxista para gravar suas conversas internas. Por exemplo, em um discurso, Efimov criticou o imperialismo, que havia sido introduzido no país durante o governo de Yeltsin, e pediu um retorno aos princípios da revolução de 2017, o que os agentes do FSB interpretaram como um chamado para uma “nova revolução em 2020”.
As gravações são anteriores a 2020 e foram inicialmente descartadas por não conterem nada de incomum para as discussões de uma reunião marxista. Mas, após o início da Guerra da Ucrânia, o FSB recebeu ordens para impedir que o coletivo organizasse protestos.
A polícia, seguindo as orientações repressoras do Kremlin, reabriu o caso para demonstrar uma postura de “tolerância zero” e fazer dos acusados um “exemplo perante a opinião pública”. O que antes era inofensivo se transformou em crime político e os cinco réus se tornam “bodes expiatórios” da “caça aos comunistas” levada a cabo pelo regime restauracionista (capitalismo) russo.
