HÁ 38 ANOS: A PRIMEIRA INTIFADA REFORMULOU AS BASES DA RESISTÊNCIA ARMADA PALESTINA

INTERNACIONAL LBI

Em 9 de dezembro de 2025, comemora-se o 38º aniversário da Primeira Intifada, um levante que redefiniu programaticamente a Resistência Armada Palestina contra a ocupação do enclave israelense.

A palavra Intifada, em árabe, significa revolta ou levante de massas. Literalmente, transmite a ideia de um “tremor”, um “sacudir” ou um ato vigoroso de “livrar-se de algo”, originando-se do verbo nafada. Embora o termo já existisse, integrou-se definitivamente ao discurso político e revolucionário em 1987, quando os palestinos se insurgiram coletivamente contra a ocupação israelense após um incidente mortal no norte da Faixa de Gaza, onde um veículo militar israelense atropelou e matou quatro trabalhadores palestinos.

Este levante, posteriormente denominado “Intifada das Pedras”, ocorreu no 40º ano após a criação do enclave sionista e transformou a dinâmica entre o ocupante judeu e o ocupado árabe.

No interregno entre a decomposição da OLP e o Hamas, o ativismo político palestino era liderado principalmente por grupos seculares religiosos que atuavam fora ou na periferia dos territórios controlados por Israel. Sua abordagem colocava o cerne da luta fora da realidade imediata vivenciada pelos palestinos nos territórios ocupados.

Contudo, no final da década de 1980 e início dos anos 90, surgiram movimentos que promoveram uma forma unificada, ampla e autóctone de resistência em solo palestino, moldando profundamente o caráter da revolta que eclodiu em dezembro de 1987.

A faísca que desencadeou a Primeira Intifada teve diversas origens: décadas de brutal ocupação militar israelense, humilhações diárias, convulsões regionais e eventos específicos que serviram de gatilho. Contudo, o fator mais significativo foi a experiência vivida pelos palestinos, que eram tratados como cidadãos de segunda classe sob a ocupação sionista e enfrentavam a contínua perda de terras para os colonos estrangeiros.

Ao mesmo tempo, os palestinos estavam frustrados com as decisões políticas dos Estados árabes vizinhos e antigos aliados. Muitos desses regimes haviam começado a abandonar a luta armada, aceitando resoluções da ONU que suavizavam sua posição e participando de esforços de reconciliação com Israel. Esse afastamento da causa palestina cristalizou-se na Cúpula de Amã, onde os líderes burgueses árabes efetivamente minimizaram a questão palestina, embora a libertação da Palestina tivesse sido fundamental para o propósito fundador da Liga Árabe.

A Primeira Intifada trouxe diversas mudanças significativas para a vida política e social palestina. Uma de suas conquistas mais importantes foi redirecionar o foco da luta para os próprios territórios ocupados, após anos em que o destino palestino foi moldado principalmente por diplomatas externos, tanto árabes quanto ocidentais.

A revolta popular palestina levou os verdugos israelenses a adotarem uma postura defensiva e os forçou a conceder concessões à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) na expectativa de sua integração, o que desgraçadamente acabou-se ocorrendo.

Quase 36 anos após a Primeira Intifada, os palestinos realizaram uma operação da Resistência Armada sem precedentes contra o inimigo sionista, que abalou o regime e seus apoiadores imperialistas ocidentais. A vitoriosa Operação “Tempestade de Al-Aqsa”, dirigida pelo Hamas, mudou definitivamente a forma como o mundo percebeu a luta palestina por sua liberdade e pela soberania de sua nação ocupada.