Nesse dia 20 de novembro, em que celebramos a “Consciência Negra”, os Marxistas Revolucionários têm um dever político e ideológico de fazer uma polêmica sobre esse tema presente em nosso combate de classe: a luta contra o racismo! Não resta dúvida que a tática do Deep State (Estado profundo) adotada pela exquerda burguesa é sufocar a luta antirracista nos limites do “identitarismo” e do policlassismo, bloqueando o combate pela revolução socialista.
Defendemos que é necessário colocar as massas diretamente contra o capitalismo, cada vez mais desnudo ao mundo como um sistema falido e criminoso. Esse é justamente o que não faz o chamado movimento que promove o “Identitarismo” no Brasil e a nível mundial diretamente influenciado pela chamada “ala esquerda” do Partido Democrata, particularmente os que impulsionaram a candidatura de Zohran Mamdani para prefeito de Nova York.
O tal “empoderamento negro” é uma artimanha para dividir a luta antirracista, promovendo uma aparente integração do negro, com a concessão de pequenas migalhas a poucos “beneficiados” via o consumo, preservando o essencial do racismo, a superexploração da força de trabalho negra e parda. A exquerda reformista compra a enganação capitalista e passa a defender a inclusão cidadã do negro no mercado consumidor capitalista.
Lutar por uma sociedade igualitária, livre de racismo, repressão e desigualdade social, ou seja, uma sociedade socialista não tem nada em comum com o “identitarismo”. Os Marxistas defendem que nosso combate deve ser elevado a uma luta consciente pela revolução e que reunirá todos os setores da classe trabalhadora e da juventude.
Para a realização desta síntese entre programa socialista e movimento de massas, é necessário a construção do Partido Comunista Revolucionário, tarefa há muito tempo apagada das consignas dos revisionistas e reformistas.
Os trabalhadores negros continuam lutando ao lado de seus irmãos de classe pela verdadeira abolição da escravidão, que só pode vir pela liquidação do modo de produção capitalista e não pela via de sórdidas campanhas hipócritas patrocinadas pela classe dominante e suas abjetas celebridades. Para o capital é necessário que o racismo continue existindo para justificar a desvalorização extremamente lucrativa para o capitalista da força de trabalho negra.
Acontecimentos recentes nos EUA, com a morte sistemática de trabalhadores e jovens negros, assim como ocorrem todos os dias no Brasil na recente operação policial nos morros cariocas, onde a política de segregação racial e social é responsável pela morte de milhares de negros exigem uma direção revolucionária para derrotar o racismo e para garantir as mínimas condições de sobrevivência à população superexplorada e oprimida.
Desde a LBI deixamos claro que toda nossa solidariedade está incondicionalmente com o movimento negro que resiste no Brasil, nos EUA e em todo o mundo contra a repressão estatal e ao genocídio dos trabalhadores e jovens plebeus negros.
O ataque armado aos policiais são parte da guerra de classe que neste caso está indissoluvelmente ligada a luta contra o racismo engendrada pelo capitalismo. Consideramos justo e legítimo o ódio negro e avaliamos que a melhor forma de combater a ofensiva assassina dos bandos fascistas apoiados pela polícia ou a violência desferida diretamente pelo aparato estatal é a formação de milícias de auto-defesa unindo trabalhadores negros e brancos contra a exploração e o racismo.
Reafirmamos que hoje não vacilamos em dizer que toda nossa simpatia e solidariedade estão com os jovens negros e seu “ardente desejo de vingança”, que lutam com as “armas” que tem a mão contra o terror estatal e fascista, forjando um partido revolucionário e internacionalista para dar consequência política e programáticas a essas ações pontuais que apesar de corajosas são limitadas na luta contra o imperialismo ianque.
Nesse sentido, para derrotar a ofensiva assassina do Estado capitalista e a bárbara ação policial deve-se construir milícias de autodefesa do povo pobre e dos trabalhadores, convocando uma paralisação geral dos trabalhadores!
Os lutadores não podem ter nenhuma ilusão na justiça capitalista e em seu Estado, são instrumentos de classe da burguesia contra os trabalhadores, como mostra a decisão de inocentar os policiais assassinos!
Para que não se repitam novas cenas sanguinárias como o assassinato diário de jovens negros, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista!
Os Marxistas Revolucionários compreendem que a questão racial não pode ser nem sequer seriamente colocada diante do agravamento sem precedentes da barbárie imperialista racista sem uma luta implacável dos trabalhadores, com seus próprios meios e organismos, contra a influência política e ideológica da burguesia democratizante e sua demagogia “cidadã” sobre as massas.
A população pobre e trabalhadora negra está entre a maioria dos presos, dos explorados, dos desempregados, dos analfabetos, dos que têm sua religiosidade perseguida, dos que são assassinados por grupos de extermínio e dos que possuem o salário médio mais baixo dentre todos os setores da sociedade brasileira.
No terceiro governo Lula e da gerência burguesa da Frente Ampla, apesar da sua demagogia do “empoderamento negro” essa realidade aprofundou-se ainda mais! Não por acaso, a mesma acumulação originária do capitalismo que aprisionou o negro na África e o escravizou no Brasil, joga-o nas favelas e cortiços das cidades, explorando-o nas indústrias, utilizando-o como exército de reserva para pagar menores salários.
Basta verificar que hoje no Brasil o salário dos negros e pardos é metade ou 60% do salário médio pago aos brancos. Isto não é um mero produto de resquícios dos preconceitos escravistas ainda presentes na mentalidade das pessoas. Essa profunda precarização das condições de vida da maioria da população pobre e negra, maquiada pelas pesquisas dos institutos oficiais e ONGs, é o fruto atual da bárbara recolonização imperialista no Brasil. Esta luta não diz respeito somente ao povo pobre e trabalhador negro, ela deve ser tomada por todo o proletariado, que aprendendo com a luta de Zumbi, deve lutar consequentemente por construir um instrumento capaz de conduzir a luta anti-racial e a quebra de todos os grilhões capitalistas, o partido revolucionário trotskista que deverá elevar o combate consciente da luta de toda a classe oprimida por varrer da face da Terra toda opressão e exploração imposta pelo imperialismo rumo à construção do socialismo.
A evolução capitalista aperfeiçoa as teorias racistas para explicar o fracasso do sistema em proporcionar empregos para todos e condições de vida adequadas. A pobreza do negro, consequência da incapacidade do capitalismo em absorver sua força de trabalho assalariada, faz com que aspectos inerentes às condições subumanas de vida sejam interpretados como devido à raça. Por isso, o preconceito racial permanece até hoje, apesar da grande miscigenação ocorrida no Brasil, onde estudos realizados por cálculos de frequências gênicas demonstraram que a população do Nordeste e de parte do Sudeste já atingiu 97% de panmixia, ou seja, de mistura total. Mesmo assim, o racismo é uma realidade cotidiana. Fica fácil, então, compreender que o problema do negro no Brasil não é simplesmente étnico.
A raiz do problema é o capitalismo que marginaliza e explora a sua força de trabalho, fortalecendo o racismo. Poucos são os negros que conseguiram acumular capital no país. Estes se “aculturaram” e adotam a ideologia da classe dominante, inclusive, com preconceitos contra sua própria raça. Figuras populares (antes pobre e negras) e tantos outros na exquerda burguesa servem vergonhosamente a este fim.
Apesar disso, as atuais direções do movimento negro, considerando a questão étnica como principal fator de discriminação dos negros, pregam a unidade de todos os negros (inclusive os burgueses) contra o racismo. No sistema capitalista, não podemos alcançar o pleno emprego e a socialização dos meios de produção, que são as bases da diferença de classe que em muito fortalecem o racismo.
Atualmente não se pode falar de libertação dos negros sem vinculá-la à luta de classes e à necessidade de emancipação do proletariado. A consciência meramente étnica é uma falsa consciência. Para proporcionar a real libertação dos negros de sua secular exploração e de todo tipo de preconceito é necessária a destruição do sistema que o escraviza, humilha-o e explora-o até hoje: o capitalismo!
