Em 11 de novembro de 2004, o líder palestino Yasser Arafat morria aos 75 anos, na cidade de Clamart, na França. O assassinato de Arafat foi abafado e contou com a ajuda da tradição muçulmana, que não procede a autópsia de seus mortos. Mas a disposição de sua viúva Suha e uma criteriosa investigação da TV Al-Jazeera levaram à descoberta do assassinato e a um pedido formal da Autoridade Nacional Palestina para que um comitê patrocinado pela ONU proceda o desdobramento da investigação feita por médicos suíços, que já levou à exumação do corpo do líder palestino.
Um trabalho meticuloso dos especialistas suíços e exame de roupas e objetos que Arafat usou nos dias que antecederam sua morte – roupa, escova de dente e até seu icônico kefiyeh que não tirava da cabeça – revelaram uma quantidade anormal de polonium, um elemento radioativo raro ao qual poucos países têm acesso. Apenas os do restrito clube atômico. Peritos forenses do Centro de Medicina Legal da Universidade de Lousane, Suíça, revelaram que o ex-dirigente máximo da OLP foi, na verdade, assassinado por envenenamento com o elemento radioativo polônio 210.
Análises com amostras de seus restos mortais e objetos pessoais confirmaram a presença deste elemento altamente letal. Abu Yusef, um dos atuais dirigentes da OLP declarou que “os resultados demonstram que Arafat foi envenenado com polônio, uma substância que apenas Estados e não indivíduos a possuem, o que significa que o crime foi cometido por um Estado” (AFP, 6/11/2013). Sobre esta questão a BBC (7/11/2013) acrescenta: “Embora o polônio-210 seja encontrado na natureza, é preciso tecnologia e acesso a um reator nuclear para conseguir extrair a quantidade necessária para matar uma pessoa”, ou seja, papel que coube ao enclave terrorista de Israel e a Casa Branca. No entanto, muito além da “descoberta” deste envenenamento – o que há muito já era alvo de desconfiança entre os militantes palestinos – é a forma como os abutres da Casa Branca lidam com dirigentes e governos que se colocam como obstáculo a seus interesses neocolonialistas em todo o mundo.
A opção de matar simples e puramente Arafat, apesar de sua integração aos ditames imperialistas, poderia acirrar ainda mais a revolta palestina contra o gendarme sionista. No entanto, para o imperialismo ianque era necessário elimina-lo porque ainda simbolizava a heroica luta de resistência do povo palestino e, em seu lugar o Pentágono colocaria uma figura mais alinhada e submissa a seus interesses, como foi o caso de Mahmoud Abbas.
Algo similar foi feito em relação à forte liderança política e militar de Hugo Chávez que também foi envenenado através de algum artifício letal por agentes do imperialismo. O próprio Chávez costumava afirmar que outras lideranças nacionalistas latino-americanas teriam sido alvos de envenenamentos radioativos provocados pela CIA, a fim de debilita-los em sua saúde e, claro, na atuação política.
O comandante bolivariano, representando maior do nacionalismo burguês no continente, foi eliminado previamente por uma operação arquitetada pela CIA, assim como Arafat, Jango, Torrijos, Roldós e outros líderes nacionalistas de esquerda inconvenientes aos interesses do imperialismo Ianque.
Não temos a menor dúvida: tanto como Yasser Arafat, em 2004, o comandante Hugo Rafael Chavez Frias foi assassinado com o uso do que há de mais moderno e sofisticado da tecnologia criminosa desenvolvida na CIA e nas dezenas de agências satélites privadas que prestam serviço ao “democrático” governo norte-americano.
O “descuidado” presidente bolivariano, de 58 anos, não foi o único líder latino-americano morto pela máquina mortífera norte-americana nos últimos anos: em dezembro de 1976, o ex-presidente brasileiro João Goulart foi assassinado na Argentina com a troca dos remédios que tomava para o coração, a operação foi batizada pela CIA como “Condor”, em referência a ave latino-americana. Também Omar Torrijos, presidente do Panamá e militar como Chavez, foi assassinado num acidente aéreo forjado em 1981, conforme relato detalhado do ex-agente da CIA. Como Torrijos, a CIA usou o “acidente aéreo” para matar também o ex-presidente do Equador, Jaime Roldós Aguilera, no mesmo ano de 1981, por ter entrado em confronto com as petrolíferas norte-americanas.
Horas antes de anunciar oficialmente a morte do presidente Hugo Chavez, o então vice Nicolas Maduro falou pela primeira vez, em caráter oficial, das suspeitas de que o câncer que levou o caudilho nacionalista à morte tenha sido inoculado por armas químicas desenvolvidas nos EUA. A LBI esteve corajosamente a frente das denúncias políticas dos assassinatos de Arafat e Chavez pelo imperialismo, apesar das enormes divergências programáticas que separam o nacionalismo burguês do Marxismo Revolucionário.
Chavez perguntou em dezembro de 2011 se é possível “que o câncer possa ser uma doença induzida, produzida”, e recomendou então aos presidentes Evo Morales, da Bolívia; Daniel Ortega, da Nicarágua; e Rafael Correa, do Equador, que se cuidassem. Ninguém de esquerda deveria duvidar do poder mortífero dos laboratórios da CIA, próprios ou terceirizados. Durante anos, seus agentes tentaram matar Fidel Castro por todos os meios – isso em pelo menos 400 situações. Porém desgraçadamente correntes revisionistas do Marxismo acreditam piamente que a “república do capital” seria incapaz de ultrapassar os limites constitucionais da democracia burguesa e jamais patrocinaria operações secretas de assassinatos de inimigos políticos ou personalidades “inconvenientes”.
A CIA praticou um dos maiores genocídios bacteriológicos contra o povo cubano em 1981, quando importou da Ásia o vírus da dengue hemorrágica e disseminou sobre a ilha de Cuba conforme denúncias comprovadas por vários cientistas e jornalistas. Na primavera e no verão de 1981, o Estado operário Cubano sofreu uma grave epidemia de dengue hemorrágica. Entre maio e outubro de 1981, a Ilha sofreu 158 mortes relacionadas à dengue, com 75 mil casos de infecção relatados. No auge da epidemia, mais de 10 mil pessoas foram infectadas por dia e 116.150 foram hospitalizadas. Ao mesmo tempo, durante os surtos, em 1981, suspeitou-se que a CIA ou seus contratantes realizaram ataques na ilha caribenha de forma encoberta, como parte de uma guerra biológica contra os seus moradores. Estes ataques ocorreram durante sobrevoos de aviões militares dos EUA sobre o Caribe.
A Venezuela jamais adotou medidas preventivas efetivas contra ataques sofisticados à base de ferramentas tecnológicas. Não seria difícil valer-se desse estilo “popular” de Chavez, censurado por mais de uma vez por Fidel Castro, para que a CIA pudesse introduzir-lhe o vírus de uma doença fatal. No final de dezembro de 2011, o próprio Chavez comentou: “Fidel sempre me disse: Chavez, tome cuidado, esta gente desenvolveu tecnologias, cuidado com o que come, cuidado com uma pequena agulha e te injetam não sei o quê”, relatou ao lembrar uma conversa com o dirigente cubano.
Chavez foi assasinado pelo imperialismo e o regime burguês bolivariano ficou bastante debilitado com sua morte, apesar da subsequente eleição “apertada” de Maduro. Mas sem sombra de dúvidas o maior flanco político e social do nacionalismo chavista é manter-se nos marcos da economia capitalista de mercado, que a cada dia que passa solapa cada vez mais as conquistas operárias do débil regime bolivariano. Nesse marco, defendemos hoje a frente única com o governo Marduro para rechaçar as provocações imperialismo, sem abrir mão da crítica revolucionária ao chavismo!
