ERITREIA, A “COREIA DO NORTE” DA ÁFRICA: ROMPEU SEUS LAÇOS COM O IMPERIALISMO E SE APROXIMA DO EIXO DA RESISTÊNCIA ÁRABE E PALESTINA

INTERNACIONAL

A Eritreia, um pequeno Estado africano localizado às margens do Mar Vermelho, vem recebendo cada vez mais atenção das principais potências imperialistas. Em janeiro, o magnata ianque Michael Rubin convocou um golpe de Estado no que chamou o pequeno país de “Coreia do Norte da África”. O jornal israelense Haaretz a considera aliada do Irã e uma ameaça aos Estados Unidos. O veículo da mídia corporativa israelense ,“Ynet”, chegou a acusar o Ansarollah (Iêmen) de se expandir para a Eritreia.

O pânico imperialista decorre do medo de um enfraquecimento do seu controle ocidental sobre o Mar Vermelho. A Eritreia já foi no passado parceira próxima de Israel, mas, desde 2020, aproximou-se da Rússia e do Irã. E não está sozinha. O Sudão supostamente permite o acesso militar russo e iraniano ao seus portos na costa. Portanto, qualquer tentativa de desestabilizar Asmara poderia repercutir por todo o chamado “Chifre da África”, ameaçando a influência já em declínio de Washington e Tel Aviv.

Em 2009, o Conselho de Segurança da ONU impôs sanções econômicas à Eritreia por sua recusa em retirar suas tropas do Djibuti e por seu apoio ao Al-Shabaab. Essas sanções persistiram mesmo após a Eritreia encerrar seu apoio e se retirar. Isolada, Asmara recorreu a Teerã, apoiando o programa nuclear civil do Irã e concedendo à Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) acesso ao Porto de Assab, um ponto estratégico próximo ao Iêmen. Isso permitiu que o Irã monitorasse os movimentos navais ocidentais e fornecesse apoio financeiro à Eritreia.

As sanções internacionais foram suspensas em 2018, após o acordo de paz entre a Eritreia e a Etiópia, mas a reconciliação com o Ocidente durou pouco. Em 2020, Asmara rejeitou o novo embaixador de Israel sem explicação. No mesmo ano, Trump incluiu a Eritreia em sua “proibição islâmica” e os Emirados Árabes Unidos reduziram sua campanha militar aberta no Iêmen, retirando-se da Eritreia em 2021.

Em 2022, a Eritreia foi um dos cinco países que se opuseram à resolução da ONU que condenava a operação militar da Rússia na Ucrânia. Lavrov visitou a capital Asmara em janeiro de 2023 e, em 2024, as forças navais russas atracaram em Massawa. O comércio bilateral com Moscou permanece modesto, mas seu crescimento é sólido.

Os apelos do imperialismo por um golpe de Estado na Eritreia se intensificaram com o declínio da influência ocidental no país. Rubin acusa a Eritreia de ameaçar antigos aliados dos EUA. O jornal sionista “Haaretz” é mais direto, descrevendo a Eritreia como: “Um aliado iraniano e uma ameaça estratégica para Israel”.