O governador Democrata da Califórnia, Gavin Newsom, descreveu as operações policiais contra imigrantes como “necessárias e caóticas”. Os comentários de Newsom são particularmente cínicos, visto que seu governo “civilizatório” busca impedir que imigrantes indocumentados se inscrevam em planos de saúde pelo “Medi-Cal”, uma medida que tem sido celebrada pela extrema direita trumpista. A postura dos Democratas hegemônicos na Califórnia, nos níveis estadual e local, criticando suavemente as táticas brutais usadas nas batidas policiais de agentes federais em Los Angeles e San Diego esta semana, não consegue disfarçar sua concordância com o programa de deportações em massa da Casa Branca.
Os Democratas não se opõem à política de deportações em massa, apenas ao ritmo e à “audácia” com que as batidas policiais têm sido realizadas. Há uma crescente oposição aos ataques violentos do governo Trump contra imigrantes e suas famílias, como demonstrado pelos protestos população contra as políticas do governo. As manifestações contra as batidas policiais são cada vez mais militantes, refletindo um clima de oposição de esquerda cada vez mais intenso.
As manifestações em massa em Los Angeles e a resposta das massas e da comunidade oprimida representam a crescente indignação da classe trabalhadora e da juventude em relação aos desaparecimentos brutais de imigrantes, mas, de forma mais ampla, a intensificação da crise capitalista enfrentada pela classe operária.A pobreza, a falta de moradia e outras formas de miséria social estão aumentando em escala exponencial.
O governo Trump vem intensificando os ataques às condições de vida e aos salários, à educação, à saúde e a todos os programas de assistência social, como parte de uma contrarrevolução social mais ampla que os trabalhadores enfrentam há décadas sob os governos Democratas e Republicanos.
As cenas da última sexta-feira remetem aos históricos protestos em massa por toda a cidade e à violenta repressão policial em resposta à absolvição dos policiais que espancaram brutalmente Rodney King em 1991. As mobilizações radicalizadas, que a classe dominante chamou de “motins” e “insurreição”, desencadearam um potencial de combate anticapitalista do proletariado que estava bloqueado pela política de colaboração de classes da esquerda reformista, corrompida pela cúpula do Partido Democrata.