“INDÚSTRIA DO AUTISMO”: BIG PHARMA E CORPORAÇÕES ALIMENTÍCIAS RESPONSÁVEIS PELO CRESCIMENTO EXPONENCIAL DA DOENÇA NO MUNDO

LBI

O secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., anunciou estudos sobre autismo com o objetivo de identificar “toxinas” associadas ao aumento do autismo nos EUA e no mundo. Ele afirmou que exposições ambientais, como alimentos ou medicamentos, estão contribuindo para o aumento das taxas de autismo em crianças. Kennedy falou um dia após os Centros de Controle e Prevenção de Doenças divulgarem um relatório que descobriu que, em 2022, 1 em cada 31 crianças nos EUA foram diagnosticadas com transtorno do espectro autista até seu 8º aniversário — um aumento em relação a 1 em 150 crianças em 2000, quando a agência começou a coletar dados. Os diagnósticos de autismo entre crianças de 4 anos no novo relatório foram estimados em 1 em 34. Kennedy Jr. promete descobrir a razão subjacente até setembro.

Durante uma coletiva de imprensa afirmou que exposições ambientais — como o abastecimento de alimentos, água clorificada ou medicamentos do país — contribuem para o aumento das taxas de autismo em crianças. Ele chamou o autismo de “doença prevenível” mas isso não interessa a Big Pharma e as corporações alimentares de produtos ultra-processados. “Sabemos quais são os números históricos e sabemos quais são os números de hoje, e é hora de todos pararem de atribuir isso a essa ideologia de negação da epidemia. Sabemos que é uma exposição ambiental. Tem que ser”, disse Kennedy. “Genes não causam epidemias. Podem gerar vulnerabilidade. É preciso uma toxina ambiental.”

A Secretaria Nacional de Saúde dos EUA analisará mofo, aditivos alimentares, pesticidas, água, medicamentos, ultrassom e obesidade. Também sugeriu que as vacinas da Big Pharma estão ligadas ao autismo.

O fato é que o chamado transtorno do espectro autismo (TEA) se tornou moda e, com a moda, vem um grande investimento e um complexo industrial.  

No Brasil, ainda não há dados reais sobre o percentual da população com autismo. As estimativas oficiais dão conta que o transtorno está presente em 2 milhões de brasileiros. Se aplicarmos o percentual estimado nos EUA na população brasileira, o número pode chegar a quase 6 milhões de pessoas. No Censo Demográfico 2022 o tema foi incluído pela primeira vez, mas os resultados ainda não foram divulgados pelo IBGE.

Um amplo mercado que se abriu em função da doença como o educacional, com o lançamento de cursos para a formação de profissionais e orientação dos pais. E esta indústria tem crescido a cada dia, assim como marcas têm usado o “rótulo autismo” como estratégia de marketing para venda de brinquedos, vitaminas e até turismo, já que os pais de crianças neurodiversas costumam evitar sair por terem medo de não conseguirem controlar os seus filhos que, muitas vezes, ficam perdidos em espaços novos e diferentes.

O livro “The Autism Industrial Complex: How Branding, Marketing, and Capital Investment Turned Autism Into Big Business” de Alicia A. Broderick fornece uma análise crítica abrangente sobre como o autismo tem sido transformado em um negócio lucrativo no modo de produção capitalista. O objetivo principal do livro é desmistificar e expor como a indústria do autismo, que inclui desde intervenções comportamentais até campanhas de marketing e investimentos de capital, manipula percepções culturais e políticas sobre o autismo para gerar lucro.

Broderick argumenta que, enquanto o autismo em si tornou-se uma mercadoria, as verdadeiras implicações sociais, culturais e econômicas dessa comodificação são complexas e muitas vezes prejudiciais para indivíduos autistas e suas famílias.

O autismo é tratado e explorado como uma oportunidade de mercado, em vez de uma questão de saúde e bem-estar humano. A transformação do autismo em uma “commodity” não apenas reflete, mas também alimenta dinâmicas de mercado que obviamente não estão alinhadas com os melhores interesses dos humanos.

A comercialização do autismo tem implicações que vão além do aspecto econômico, afetando a forma como a sociedade entende e responde ao autismo. Ao enfocar o lucro, práticas, terapias e produtos são frequentemente promovidos com pouco escrutínio de sua eficácia ou impacto a longo prazo na vida das pessoas autistas. Este fenômeno contribui para uma narrativa em que o sucesso de tratamentos e intervenções é muitas vezes medido por critérios de mercado, em vez de bem-estar genuíno e melhoria na qualidade de vida.

O “Complexo Industrial do Autismo” (AIC) colaboram e competem para estabelecer um mercado lucrativo em torno do autismo. Isso inclui a análise de como organizações “sem fins lucrativos”, empresas privadas, profissionais de saúde, meios de comunicação e os governos burgueses desempenham papéis significativos na construção e sustentação desse complexo industrial. Este não apenas contribui para a construção dessa indústria em torno do autismo, mas também como suas ações interagem para manter e expandir este mercado.

Hoje desgraçadamente o autismo é menos um assunto de saúde pública e mais um mercado em expansão, onde intervenções, produtos e ideologias burguesas são comercializados de maneira agressiva.

O consórcio da mídia corporativa, a Big Pharma e as megacorporações alimentares influenciam a percepção e o tratamento do autismo, enfatizando como a lógica do lucro muitas vezes prevalece sobre o bem-estar dos indivíduos autistas.

A lógica de mercado e o foco no lucro no capitalismo certamente superam a consideração pelo bem-estar real das pessoas autistas, distorcendo tanto a compreensão do autismo quanto as abordagens para seu apoio e tratamento.

Nesse sentido produtos, terapias e intervenções são promovidos com base no potencial de lucro em vez de evidências sólidas de eficácia ou considerações científicas sobre o impacto a longo prazo na vida dos indivíduos autistas, porque é a “indústria do autismo” que deseja dar “vida longa” a própria doença.