TRAORÉ: UM DIRIGENTE NACIONALISTA BURGUÊS DE BURKINA FASO QUE “TIRA O SONO” DO IMPERIALISMO

INTERNACIONAL

Ibrahim Traoré, uma liderança nacionalista de Burkina Faso, está reconstruindo seu país e, no processo, fazendo inimigos no Ocidente. Desde que assumiu o poder em 2022, o jovem comandante militar expulsou tropas francesas e empresas imperialistas , alinhando seu país à Rússia, Cuba e Venezuela. Traoré, que defende a unidade das nações africanas, enquanto sobrevive a várias tentativas de golpe de Estado , posicionou-se como um líder anti-imperialista, e por estas posições políticas vem recebendo ataques de Washington e Paris.

No mês passado, Traoré sobreviveu por pouco a uma tentativa de golpe orquestrada por mercenários estrangeiros. O Ministro da Segurança, Mahamadu Sana, declarou que a junta militar frustrou um plano para invadir o palácio presidencial em 16 de abril. Os conspiradores, acrescentou, estavam baseados na Costa do Marfim, um país vizinho apoiado por Washington, onde a presença militar norte-americana se expandiu recentemente. Desde que assumiu o poder por meio de um golpe militar em 2022, Traoré tem enfrentado agentes imperialistas, especialmente dos Estados Unidos.

Em 3 de abril, o general Michael Langley, comandante do Comando dos EUA para a África (Africom), discursou perante o Senado e acusou o líder burquinense de corrupção e de ajudar a Rússia a se estabelecerem na África. O Comando Regional do Pentágono para a África coordena operações militares dos EUA, coleta de inteligência e parcerias de segurança no Continente Negro, muitas vezes disfarçadas de “operações antiterrorismo”.

No dia do golpe, a Embaixada dos EUA mudou suas diretrizes de viagem para Burkina Faso, recomendando “nenhuma viagem” ao país. Este ano, a CIA se reuniu inúmeras vezes com o ministro da Defesa da Costa do Marfim, Tené Birahima Ouattara, antes e depois do golpe.

Desde que chegou ao governo, Traoré tem sistematicamente limitado a influência das potências capitalistas em seu país, considerando isso uma questão de soberania nacional. Em janeiro de 2023, ele expulsou o embaixador francês, chamando o país de “Estado imperialista”.

Um mês depois, Traoré ordenou que as tropas francesas deixassem Burkina Faso. Isso ajudou a desencadear uma onda política contra a presença francesa em outros países da África Ocidental , que anteriormente faziam parte da área de influência franco-europeia. Hoje, Mali, Chade, Senegal, Níger e Costa do Marfim expulsaram as tropas francesas de seu território. Macron respondeu acusando Burkina Faso e outros países de “ingratidão”, acrescentando que eles “esqueceram de agradecer” à França.

Traoré também bloqueou ou expulsou vários meios de comunicação patrocinados por governos ocidentais, rotulando-os de agentes do neocolonialismo. A Rádio França Internacional e a “France 24” foram as primeiras. Em seguida vieram a Voice of America, a BBC britânica e a Deutsche Welle da Alemanha. Essas medidas atraíram duras críticas de organizações ocidentais. A ONG Human Rights Watch, por exemplo, acusou o governo de “reprimir” a dissidência.

Embora formalmente independente por mais de meio século, a França mantém controle significativo sobre suas antigas colônias africanas. Quatorze países usam o franco CFA, uma moeda internacional com uma taxa de câmbio fixa em relação ao antigo franco francês e agora ao euro. Isso significa que importar e exportar da França (e agora para a Europa) é muito barato, mas fazer o mesmo com o resto do mundo é proibitivamente caro. A França mantém o veto sobre as políticas monetárias do franco CFA, deixando os Estados africanos economicamente dependentes de Paris.

Traoré descreveu o franco CFA como um mecanismo que “mantém a África na escravidão” e anunciou sua intenção de criar uma nova moeda. Junto com Mali e Níger, Burkina Faso se separou do bloco regional da CEDEAO apoiado pelos EUA e estabeleceu a Aliança dos Estados do Sahel, uma união pan-africana de Estados que é vista como o primeiro passo em direção a uma África unificada e anti-imperialista.