Morreu hoje (13/05) Pepe Mujica, líder histórico da Frente Ampla (FA) e ex-presidente do Uruguay de 2010 a 2015. A figura de Mujica, um “vestal” que morava em um pacato sítio e dirigia um fusca azul velho servia perfeitamente para dar ares “éticos” a política neoliberal da coalização burguesa que gerencia o pequeno país latino-americano até hoje. Mujica, ex-dirigente histórico do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros abriu mão da luta armada para se converter em um dócil gestor burguês. Ele operou o trânsito do “reformismo armado” a um governo de unidade nacional com as velhas oligarquias.
Não por acaso Mujica em 2024 disse que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pode ser chamado de “ditador”. Mujica afirmou que “há um governo autoritário” na Venezuela. Ele destacou que o governo local “destrata as pessoas”. “Eu aprendi isto: em uma praça sitiada, qualquer dissidente é um traidor. Então tratam as pessoas como merda. A desgraça da Venezuela é que tem muito petróleo, sente-se cercada e tem um governo autoritário que vai na direção oposto. Na Venezuela existe um governo autoritário e você pode chamá-lo de ditador”. Nos últimos anos vinha também atacando o regime cubano, dizendo que “esse modelo não serve mais”.
Como no Uruguay não havia a possibilidade da reeleição, a FA trocou o governo do social-populista Mujica pelo neoliberal de esquerda Tabaré, muito mais afinado com os “ajustes” que exigem a classe dominante nativa e os rentistas. Sua gestão pavimentou o caminho da direita mais a FA voltou novamente a presidência com Yamandú Orsi.

Foi com a ascensão da FA ao governo central do país nas eleições de 2005 que se acentuou o controle do capital internacional sobre a terra, o favorecimento do agronegócio exportador de papel e soja, ou seja, agudizou-se a dependência externa. O investimento estrangeiro saltou da média em torno dos 280 milhões para dois bilhões de dólares. Também se agravaram o monocultivo e o êxodo rural. Pelo menos 800 mil dos quase três milhões de habitantes país saíram do país, “exilados pela pobreza”, restando quase tão somente os idosos e as crianças. Mesmo assim, quando quase um terço da população foi obrigada a fugir da miséria imposta pelo parasitismo internacional que impôs uma profunda desvalorização da força de trabalho, Mujica defendeu uma política econômica que deu ainda mais garantias aos investidores externos e legalize o trabalho de crianças com mais de 10 anos. Conclusões: O Uruguay jogou por terra o mito neoliberal de que o chamado investimento estrangeiro produz emprego e ajuda a desenvolver o país. Enquanto sob o governo da FA o investimento estrangeiro cresceu em mais de 700%, quase um terço da população foi obrigada a sair do país para trabalhar.
Esta conjuntura extremamente favorável em que a Frente Ampla assumiu a condição de partido principal do imperialismo no país joga por terra a surrada justificativa usada pelas frentes populares de que apesar de dirigirem o executivo seriam reféns de um parlamento controlado pela direita.
Os povos da América Latina não merecem passar por governos de extrema-direita institucional, mas também não merecem fraudes políticas de colaboração de classes como Pepe Mujica ou Lula, que estão no topo do caudilismo da esquerda reformista domesticada. Mujica morreu representando justamente a exquerda que abriu mão da revolução proletária e se transformou em gerentes “vestais” da burguesia!
As massas proletárias do Cone Sul, não devem nutrir a menor ilusão na capacidade das Frentes Populares e de seus líderes de seus respectivos países esboçarem qualquer tipo de resistência combativa diante da ofensiva imperialista em pleno curso no nosso continente, sua vertente social e programática é o da capitulação e não a da luta revolucionária. Somente a construção de partidos Marxistas Leninistas terá a capacidade em conduzir o levante espontâneo de massas contra o “ajuste” rentista na senda da expropriação do capital e instauração da Ditadura do Proletariado.